Tradução e edição: artes à deriva?
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Antes de qualquer afirmação que me faria mover mais, à vontade e com gosto, entre vós, devo dizer, a bem da clareza, que sou um editor. Pior: sou um editor português o que significa muito mais problemas, maior ansiedade, e muito menos dividendos do que os nossos congéneres europeus. Editamos por gosto, de quem gostamos e nos revemos. Dois anos depois do nosso nascimento podemos ainda dizer isso não sem algum sentido de vitória e um enorme sorriso dirigido, certinho, para quem vaticinou pouca dura para este hercúleo objectivo –editar somente o que se gosta e das ou referente às culturas minoritárias. Vale este conceito para que fui convidado por este encontro– o de culturas minoritárias em contraponto às ditas culturas maioritárias a que se cola o dito mercado que, esse sim, é tudo menos minoritário. O que não aceitamos, para rigor dos conceitos, é a da periferia cultural ou de literaturas «improváveis» como infelizmente um jovem editor se referiu, em Portugal, e há muito pouco tempo, a estas culturas. Improbabilidade na literatura é coisa muito difícil de ser provada porque a não existir também não existe como povo. Assim, se provará a existência improvável de um povo que existe e não tenha literatura. É impossível. O que já é possível e temos disso provas, como editora, é o facto de não ser editada literatura de qualidade o que é completamente diferente.